Técnico foi primeiro da seleção a seguir de um Mundial para outro; terminou com 81 jogos, 60 vitórias, 15 empates e 6 derrotas
Tite agora é ex-técnico da seleção brasileira. Por mais que ainda não haja um comunicado oficial, o treinador frisou na última sexta-feira (9), após a derrota do Brasil para a Croácia, que deixará o comando da equipe. Ao longo de seis anos, ficará marcado pela conquista de uma Copa América, vitórias fáceis contra times inexpressivos e duas eliminações em Copas do Mundo.
Adenor Leonardo Bachi, o Tite, foi o primeiro técnico da seleção brasileira a continuar no cargo de um Mundial para o outro. Mario Jorge Lobo Zagallo (México 1970 e Alemanha 1974) e Telê Santana (Espanha 1982 e México 1986), disputaram, assim como Tite (Rússia 2018 e Catar 2022), duas Copas seguidas, mas o ciclo chegou a ser interrompido.
Na entrevista coletiva, quase duas horas depois da partida terminar no estádio Cidade da Educação, Tite manteve o seu fiel escudeiro Cléber Xavier ao seu lado. Com a voz pausada, como se ainda tivesse tomando conhecimento de tudo que havia acabado de acontecer, confirmou que ‘o ciclo se acaba’.
“Não estou jogando para agradar e fazer drama que vou ficar. Quem me conhece sabe. Agora, sim, foi um processo inteiro. Antes, foi um processo de recuperação. Agora, teve sequência inteira. O desempenho, vocês fazem a análise de vocês, está aí à mostra”, disse Tite, que celebrou a permanência de uma Copa para a outra.
Conquistas de Tite com a seleção brasileira
Superclássico das Américas 2018
Copa América 2019
Números de Tite pela seleção brasileira
81 jogos
60 vitórias
15 empates
6 derrotas
Quando assumiu a seleção, em junho de 2016, o profissional precisava novamente moralizar a seleção, que ainda estava marcada pelo 7 a 1 de Luiz Felipe Scolari para a Alemanha na semifinal e corria o risco de ficar fora do Mundial pela primeira vez nas mãos de Dunga. De lá pra cá, Tite conseguiu a classificação e foi vencendo jogos e mais jogos. Sem data no calendário para enfrentar grandes equipes europeias, faltou maior intercâmbio e o time se tornou um herói local. Perdeu para a Bélgica na Rússia 2018 e para a Croácia no Catar 2022, ambas as derrotas em quartas de final.
Só na reta final da preparação para o Catar 2022, o time enfrentou Tunísia, Gana, Japão e Coreia do Sul. Os grandes testes, contra campeãs mundiais, ficaram impossibilitados de serem realizados ou foram dificultados.
A Era Tite termina com 81 jogos, 60 vitórias, 15 empates e seis derrotas. Desses revezes, três foram contra a rival Argentina — a mais dolorida deles, no Maracanã, na final da Copa América de 2021, naquele que coroo o primeiro título profissional de Lionel Messi com a camisa albiceleste. Dois anos antes, o time havia conquistado o mesmo torneio, também em casa, com uma vitória sobre o Peru. E de volta olímpica com troféu na mão em torneio profissional foi só. Ainda teve a vitória sobre os hermanos no Superclássico das Américas de 2018, mas torneio amistoso não tem o mesmo nível de exigência de um profissional.
Abraço nos jogadores e próximo técnico
Também na saída do estádio, os jogadores da seleção foram perguntados sobre a despedida com o técnico Tite. Todos que toparam falar com a imprensa falaram de um abraço no treinador e algumas palavras de carinho. Do time titular, Lucas Paquetá, Richarlison, Raphinha e Vini Jr. fizeram suas estreias na seleção com o treinador.
“Ele deu um abraço, agradeceu, sim, pelo trabalho que a gente fez, porque nós fomos eliminados, mas fizemos um grande percurso até aqui e só temos a agradecê-lo pela confiança, por sempre ter sido honesto com todos nós”, disse Paquetá.
“O clima é difícil para todo mundo. É difícil ter até palavras para consolar porque é um sentimento que não tem explicação. É um sentimento de dor, de tristeza, tudo junto”, disse Antony, reserva neste Mundial, mas que também teve sua primeira chance com Tite.
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, disse já em Doha, que a substituição do treinador só será tratada a partir de janeiro. Os nomes cogitados no mercado são os de Abel Ferreira (Palmeiras), Cuca (sem clube), Dorival Junior (sem clube) e até Jorge Jesus (Fenerbahce). Pep Guardiola (Manchester City) além de já ter afirmado não ter interesse em dirigir uma seleção, seria muito caro aos cofres brasileiros. Há também a resistência ao espanhol à frente da Canarinho, assim como com os portugueses Abel e Jesus.
R7.com