Enfrentamento entre os ex-aliados Bolsonaro e Soraya norteou 4º bloco do debate da Globo

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Foto: Reprodução / TV Globo

Os ex-aliados Jair Bolsonaro (PL), presidente da República, e Soraya Thronicke (União), senadora pelo Mato Grosso do Sul, trocaram diversas farpas no quarto bloco do debate da Globo. Tudo começou com uma pergunta que deveria ter como tema a Segurança Pública, mas que a parlamentar questionou se o chefe de estado pretende dar um golpe de estado caso perca as eleições do próximo domingo.

Irritado, Bolsonaro atacou a senadora Thonicke, que foi eleita com o apoio dele e depois foi base do presidente no Congresso Nacional.

“Não é esse o tema. A senhora seria muito dócil comigo, por exemplo, se eu tivesse atendido a senhora em todos os cargos que a senhora pediu para mim, por ofício. Sudeco, Iphan, Ibama… A senhora gosta de cargos, de deitar e rolar. Como a senhora não conseguiu, a senhora virou inimiga nossa. É a política”, afirmou Bolsonaro.

Soraya, na réplica, afirmou que Bolsonaro deu sim os cargos que ela pediu na Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento Econômico do Centro-Oeste) e no Ibama.

“Cargo na Sudeco, o senhor me deu sim. Cargo no Ibama, o senhor deu sim. O senhor faz isso. Tem realmente que tirar a petralhada do poder e colocar gente de direita. E o senhor deu sim cargo, como são divididos entre os apoiadores. E o senhor fez vídeo para mim, pedindo voto para mim e eu já coloquei nas redes sociais”, disse Soraya.

A senadora ainda perguntou se Bolsonaro se vacinou e qual foi a vacina tomada pelo presidente, que desconversou. Ele disse ainda que Soraya estaria fazendo o papel de candidata laranja para alguém. Em direito de resposta concedido pela produção do debate, a parlamentar pediu respeito.

Em outro direito de resposta, Bolsonaro, em represália a Soraya, anunciou apoio a um dos candidatos ao governo do Mato Grosso do Sul, adversário local da senadora.

GASTOS PÚBLICOS

Em pergunta a Lula sobre Gastos Públicos, a senadora Simone Tebet (MDB) afirmou que os governos petistas, assim como o de Bolsonaro, gastou muito, gastou mal, teve corrupção e não privatizou. O ex-presidente da República rebateu.

“A candidata Simone está sendo um pouco injusta na pergunta e nas acusações. Se você acompanha a economia brasileira, você percebe que em 2002 eu peguei o país com 12% de inflação, com 12% de desemprego e com a dívida pública de 60,5%. Nós reduzimos a dívida pública para 37,7%, reduzimos a inflação para 4,5%, nós geramos 22 milhões de empregos até o final do mandato, começamos a fazer uma reserva e deixamos o Brasil com um colchão extraordinário”, contestou Lula.

Lula ainda lembrou dos investimentos feitos por seu governo no Mato Grosso do Sul, afirmando que chegou a ser conhecido pela imprensa local como “o Pai do Mato Grosso”, o que Tebet também contestou.

“O senhor fugiu da pergunta. Eu perguntei o que fará com a privatização de estatais deficitárias, como a EPL, que foi criada para construir o trem-bala entre o Rio e São Paulo, e continua. Não estou falando se privatizar tudo ou não. Mas as privatizações das estatais que, juntas, dão um prejuízo de R$ 10 bilhões aos cofres públicos. Sabe o que dá pra fazer com esse dinheiro? Dá para bancar o Poupança Jovem, dando R$ 5 mil para cada jovem do Ensino Médio que se forma todos os anos. Dá para pagar pelo menos metade das casas populares que nós queremos construir no Brasil, no total de 1 milhão de casas populares”, disse Tebet.

Lula então afirmou que vai manter e fortalecer o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNB, mas que estatais que são deficitárias não deveriam existir.

PRIVATIZAÇÃO

Ciro Gomes foi sorteado para perguntar sobre privatização e questionou a Soraya Thronicke sobre o tema, instando a senadora a se manifestar sobre a privatização da Petrobras.

“Eu penso que a privatização deve ser vista como uma ferramenta a ser usada pela conveniência estratégica que um Projeto Nacional de Desenvolvimento recomendar. Por exemplo: privatizar telefonia, um gol de placa que aconteceu no Brasil. Mineração, Vale do Rio Doce, Siderurgia, CSN, não vejo maiores problemas nessa privatização. Entretanto, petróleo no mundo ou são 80% estatais ou 20% de um cartel internacional. A senhora privatizaria ainda assim a Petrobras?”, perguntou Ciro.

Soraya respondeu que, “a princípio”, é contrária à privatização da Petrobras.

AGRICULTURA

Na temática Agricultura, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perguntou ao ex-deputado Ciro Gomes (PDT), mas o debate acabou correndo para o tema desmatamento na Amazônia. O candidato pedetista defendeu o seu projeto nacional de desenvolvimento.

“Infelizmente, as estruturas de comando e controle na Amazônia foram destruídas. Também no Pantanal e na Caatinga, tudo desmantelado. Essa é a grande política pública do atual governo Bolsonaro. Mas o Brasil não pode mais adiar aquilo que o meu projeto nacional propõe, que é um zoneamento econômico ecológico, fazer a linha mesmo: aqui pode e aqui não pode. Porque 40 milhões de irmãos nossos vivem na Amazônia. Muitos deles ou seus pais foram atraídos pela ditadura ou outros governos para ocupar a Amazônia ao redor dos grandes eixos de infraestrutura. Esse nosso povo só tinha direito ao papel da terra se provasse para o Incra, 20 aninhos atrás, que desmatou. E eles aprenderam a fazer isso. Portanto, nós não podemos fazer uma repressão eficaz, que tem que ser dura, sem antes fazer uma reconversão produtiva, ensinar o nosso povo a extrair da floresta em pé muito mais riquezas do que ela pode oferecer deitada”, falou Ciro.

Lula respondeu defendendo que não é necessário desmatar para que o país continue produzindo na agricultura.

“Nós ainda não aprendemos que a grande riqueza da Amazônia pode ser conhecer a biodiversidade dela e, a partir dela, quem sabe, extrair coisas para indústria de cosméticos. A segunda coisa é a irresponsabilidade da ocupação desordenada. Quando eu era presidente, o pessoal de São Paulo queria plantar cana no Pantanal. E a gente discutiu, porque não era necessário plantar cana no Pantanal. Não é necessário invadir 1km de terras na Amazônia para plantar soja, milho ou qualquer coisa. Porque o Brasil tem 30 milhões de pastos degradados, que você pode recuperar e produzir quanto de soja você precisar, podendo até dobrar a produção. Não haverá ocupação ilegal e muito menos garimpo. Eu vou criar o Ministério dos Povos Originários. Os indígenas vão ter vez”, afirmou o ex-presidente.

OUTROS TEMAS

Bolsonaro perguntou ao Padre Kelmon (PTB) sobre Política Cultural e ambos fizeram uma dobradinha, em que a atuação do governo federal foi amplamente elogiada.

Sobre Saúde, Felipe D’Ávila (Novo) perguntou à senadora Simone Tebet (MDB) e ambos fizeram um debate moderado. O primeiro defendeu o melhor gasto das verbas públicas, sem desperdício de dinheiro; enquanto a segunda apostou em mais investimentos do Estado na área.

No tema Habitação, Padre Kelmon perguntou a Felipe D’Ávila e defendeu o programa Casa Verde e Amarela, do governo Bolsonaro, enquanto o candidato do Novo exaltou gestões do seu partido pelo país, que teriam feito diversas regularizações fundiárias.

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