Arthur Lira, o presidente da Câmara dos Deputados | Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Em artigo publicado neste domingo, 19, no jornal Folha de S.Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não poupou críticas à Petrobras. Segundo o parlamentar, a estatal foi “sequestrada” por um presidente “ilegítimo”, que não representa o acionista majoritário e “pratica vingança pessoal” contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
“A grande questão da Petrobras, hoje, é que ficou escancarada sua dupla face: quando quer ganhar tratamento privilegiado do Estado brasileiro, a empresa se apresenta como uma costela estatal”, escreveu Lira. “Mas, na hora em que lucra bilhões e bilhões em meio à maior crise da história do último século, ela grita o coro da ‘governança’ e se declara uma capitalista selvagem. Chegou a hora de tirar a máscara da Petrobras.”
De acordo com o presidente da Câmara, a petrolífera recebeu tratamento diferenciado do Executivo e do Legislativo. Isso permitiu à estatal ser vista como uma espécie de “irmã” pelos órgãos de controle e fiscalização.
Lira falou também da necessidade de a população “conhecer” a estrutura da Petrobras. “Quanto gastam seus diretores em suas viagens? Quanto custam suas hospedagens? No exterior, ficam onde? Em que carro andam? Quem paga seus almoços e jantares? Alugam carros? Aviões? Helicópteros? Há excessos? De onde vieram? Como constituíram seus patrimônios?”, perguntou o deputado.
Na sexta-feira 17, Bolsonaro havia dito que considera a hipótese de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional para investigar a direção da Petrobras. A declaração foi feita horas depois de a estatal anunciar mais um aumento nos preços da gasolina e do diesel.
Lira continuou. “A Petrobras é uma criança mimada, sempre tratada historicamente com excessiva complacência”, criticou. “Ela tem o direito de lucrar astronomicamente? Então, a sociedade tem o dever de tributar mais os seus lucros, tratá-la com distanciamento.”
Na conclusão do texto, o parlamentar argumenta que o Brasil tem os instrumentos necessários para “enfrentar” o monopólio da petrolífera. “Agora talvez tenha chegado a hora de deixar a máscara da Petrobras e vê-la no que se transformou: uma empresa em que o lucro vem antes da função social”, ressaltou Lira. “Uma empresa estatal no papel, mas privada como outra qualquer. Que não merece ser maltratada. Mas que deve encarar as vantagens e as desvantagens de ser uma capitalista puro-sangue.”