O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, participa de evento sobre ‘combate à desinformação’, realizado no Teatro do Centro Universitário da FAAP, em Higienópolis, na região central da capital paulista – 29/04/2022 | Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou as “milícias digitais” neste sábado, 14, durante o XXIV Congresso Brasileiro de Magistrados, em Salvador. Segundo ele, esses grupos “atacam a democracia”.
“As milícias digitais produzem conteúdo falso, notícias fraudulentas e têm o mesmo ou mais acesso que a mídia tradicional”, disse o juiz do STF, ao mencionar que supostos ataques visam “desacreditar” a imprensa.
Moraes parafraseou ainda o escritor Umberto Eco. “A internet deu voz aos imbecis”, afirmou, sem citar nomes. “Hoje qualquer um se diz especialista, veste terno, gravata, coloca painel falso de livros atrás e fala desde a guerra na Ucrânia até o preço da gasolina, além de atacar o Poder Judiciário.”
Segundo o juiz do STF, o Judiciário “não vai abaixar a cabeça”. “O Judiciário não pode e não vai se acovardar perante essas agressões”, garantiu Moraes. “Tenho absoluta certeza disso.” Moraes ainda conclamou os demais magistrados a assegurar “que o país continue essa democracia”.
Ao lado do governador da Bahia, Rui Costa (PT), o ministro defendeu o “fortalecimento das instituições”: “Como disse o governador, é inimaginável que chegaríamos em 2022 precisando defender o Judiciário e a democracia.”
A negação da democracia
Em artigo publicado na Revista Oeste, o jornalista J.R. Guzzo observou que as mais recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes têm provocado desordem. Guzzo lembra do caso do deputado federal Daniel Silveira.
“Moraes, no caso da sua incompreensível perseguição pessoal ao deputado Daniel Silveira, age como um carcereiro maníaco, como naqueles filmes do tipo ‘terror no presídio’”, escreveu o jornalista. “Está mortalmente ressentido porque o presidente da República, no estrito cumprimento da lei, anulou a pena de quase nove anos de cadeia que tinha socado em cima de Silveira. De lá para cá, vem dobrando a aposta: decidiu que, com indulto ou sem indulto, com lei ou sem lei, o deputado tem de ser punido, para que ele, Moraes, prove que é mais forte que o presidente e que a Constituição. Criou uma situação de desordem.”
Outro ato de Moraes destacado por Guzzo foi a redução de 35% no valor do IPI que o governo havia decidido, na tentativa de dar mais um estímulo à economia. “Que diabo a redução do IPI tem a ver com as funções de um ministro do Supremo? Moraes não tem de decidir absolutamente nada nesse assunto. A decisão também não teve relação nenhuma com as suas possíveis convicções sobre política fiscal; foi vingança pessoal pura, simples e infantil”, sustentou o jornalista.