Insurreição contra Rui e Wagner, a ‘simpatia’ do governador, e o voto pulverizado dos bolsonaristas

A POLÍTICA COMO ELA É

Insurreição contra Rui e Wagner, a 'simpatia' do governador, e o voto pulverizado dos bolsonaristas

Insurreição dos companheiros

Um grupo de deputados estaduais e federais do PT e do PCdoB prepara uma insurreição contra o governador Rui Costa (PT) e o senador Jaques Wagner (PT) devido aos espaços no governo entregues ao MDB, que recentemente desembarcou no grupo petista no estado. Os parlamentares estão insatisfeitos com as nomeações feitas pelos caciques petistas, principalmente em relação ao comando da Secretaria de Recursos Hídricos, pasta considerada estratégica para as bases no interior do estado. Eles queriam que os “cargos mais encorpados” deixados pelo PP, que migrou para o grupo do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), fossem repartidos entre os aliados mais próximos ao PP. A queixa já foi levada a Rui e Wagner, que tentaram, sem sucesso, acalmar os ânimos dos companheiros. 

Ao pé do ouvido

Nesta semana, três deputados deste grupo de insatisfeitos foram flagrados por colegas parlamentares em uma conversa nos corredores da Assembleia Legislativa. Um deles é federal, enquanto os outros dois são estaduais. “Chegaram por último, não trouxeram nenhum deputado, a maioria dos prefeitos apoia Neto, e ainda sentam na janela”, reclamou um deles. Os parlamentares ainda disseram que pretendem intensificar as articulações para conquistar mais espaços deixados pelo PP e evitar que o MDB “abocanhe” mais cargos. Eles ainda acreditam que o sentimento de insatisfação no PT e PCdoB é majoritário devido à situação. 

Rui, o Simpático

Depois de oito anos sendo acusado de maus tratos pelos aliados, eis que o governador Rui Costa agora resolveu vestir o manto da simpatia e da humildade. Nos palanques pela Bahia afora, tem dito que os “prefeitos não querem mais receber grito e pontapé na canela de governador”. Quando ele termina o discurso, muitos deputados se entreolham e cochicham: “Ele não deve ter espelho em casa”. Seria cômico se não fosse trágico. 

RUI COSTA, ainda governador da Bahia

Da água para o vinho

Por falar nisso, prefeitos do interior estão procurando seus deputados para revelar, com perplexidade, que estão sendo chamados para conversas com o governador ou algum de seus auxiliares mais próximos. O papo é sempre o mesmo: governo promete milhões em recursos via convênios em troca de apoio para o candidato ao governo do PT, Jerônimo Rodrigues, nas eleições deste ano. Até mesmo prefeitos da oposição, que sempre tiveram as portas fechadas na Governadoria, estão sendo chamados. Sedentos, os prefeitos até aceitam os recursos. A questão agora é saber se vão apoiar Jerônimo. O jeito é esperar agosto para ver.

Voto pulverizado

Entre bolsonaristas, os caciques da política baiana acreditam que haverá uma pulverização dos votos para deputado federal da base mais fiel ao presidente Jair Bolsonaro. Em 2018, esta fatia do eleitorado votou majoritariamente na deputada Dayane Pimentel, que acabou rompendo com o grupo do presidente. Há ao menos cinco nomes para a disputa, e caciques apostam que no máximo um deles conquiste a vaga para o Congresso. 

E a rabada?

Já no MDB, parlamentares têm comentado que não estão vendo a famosa “rabada” – aqueles candidatos com menor potencial eleitoral, mas que ajudam a chegar no quociente necessário para a eleição de deputados. Embora o partido tenha levado nomes com musculatura para a disputa pela Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, faltam candidatos mais competitivos. 

Conto do vigário

Nos corredores da Assembleia Legislativa, deputados ouvidos pela coluna analisaram a janela partidária e disseram que alguns candidatos de partidos médios e pequenos podem ter caído no “conto do vigário”. Isso porque muitos partidos estão fazendo contas “muito acima da realidade” para atrair nomes para suas legendas. Pelas contas, se todos forem eleitos, o Legislativo estadual vai precisar de pelo menos umas dez vagas a mais para deputados. 

Renovação forçada

A Assembleia Legislativa deve ter uma renovação forçada de ao menos 11 deputados. Levantamento feito pela coluna mostra que, deste total, seis devem disputar uma vaga na Câmara dos Deputados e cinco não devem disputar a reeleição. Para federal, irão os deputados Capitão Alden, Dal, Diego Coronel, Léo Prates, Talita Oliveira e Tum. 

Susto

Provocou um rebuliço no PV baiano o burburinho de que o partido iria sair da federação com o PT. Considerada uma espécie de coligação, a federação é a esperança dos verdes para manterem suas cadeiras de deputados. Ao que tudo indica, tudo não passou de especulação. Mas, como diz o ditado, onde há fumaça, há fogo. 

Mudanças

Com o aumento da bancada de oposição na Assembleia, que chegou a 27 deputados, as comissões da Casa terão muitas mudanças. As conversas já começaram, e o grupo oposicionista deve ganhar novas cadeiras e, quem sabe, o comando de mais colegiados do Legislativo.

CORREIO DA BAHIA

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