7 de Setembro: Um país é independente quando o seu povo não se sente livre?

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Uma Nação que não se sente segura para ir às ruas protestar, pode ser considerada independente?

Chegamos na semana em que o Brasil deverá comemorar o 7 de Setembro, Dia da Independência, uma das datas mais importantes para a nossa democracia, pois marca a nossa libertação do Império Português em 1822. Mas, quando olhamos para as manifestações populares nos últimos anos, em especial o momento atual pelo qual o país atravessa, podemos dizer que temos motivos para celebrar?

O Brasil, de fato, é um país territorialmente soberano e em muitos aspectos geopoliticamente independente, mas isso não significa que essa independência traduz o modo como o seu povo se sente enquanto Nação, e afirmo isso não devido ao atual governo, mas por causa de forças que parecem agir nos bastidores de todos os governos.

Ainda durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na pandemia, vimos trabalhadores tendo seus comércios fechados e pessoas presas simplesmente porque estavam sentadas em um banco de praça, ao ar livre, ou aproveitando um dia de sol numa praia do Rio de Janeiro.

Vimos também, profissionais de saúde, verdadeiros especialistas naquilo que fazem, tendo suas vozes demonizadas, algumas caladas, apenas por não concordarem com determinada abordagem contra a Covid-19.

Depois disso, entre 2022 e este ano, assistimos atônitos o agigantamento do ativismo judicial como nunca antes na história do Brasil, incluindo a prisão em massa de cidadãos que não tiveram acesso ao devido processo legal.

Ainda, ativistas e empresários ligados à direita alvos de busca e apreensão, tendo contas bloqueadas, alguns impedidos de trabalhar. Sites, canais e páginas censurados; uma empresa de jornalismo independente fechada; comunicadores tendo que sair do Brasil por medo de serem presos, e isto só para lembrar alguns casos.

A tipificação do chamado inquérito das fake news, aberto em 2019, nunca ganhou um desdobramento tão largo, nas palavras do ex-ministro Marco Aurélio Mello, “do fim do mundo”, como ganhou, continuando a servir como instrumento de censura nas mãos de quem mais deveria prezar pelas garantias constitucionais.

O simples fato de escrever um artigo como este, no Brasil atual, para muitos já é motivo de temor. Escrevi sobre isso em outra coluna, onde abordei os efeitos da “ditadura do medo”, algo que precede todo regime autoritário e se instala no emocional das populações.

Independência de papel
No Brasil de hoje, datas como o 7 de Setembro não possuem mais o mesmo significado de antes. A nossa independência está no papel, mas não em nossos corações, assim como as garantias constitucionais estão sobre a mesa de ministros togados, mas não nas sentenças que deveriam proteger a livre manifestação do pensamento.

No Brasil atual, pastores são alvos de representação por pregarem o que entendem da Bíblia, e enquanto pais ainda são alvos da Justiça por optarem pelo ensino domiciliar, corruptos já condenados há anos de prisão são soltos e retratados como vítimas de “excessos”. É isso o que chamamos de independência?

Uma Nação que não se sente segura para ir às ruas protestar, ou mesmo publicar algo que reflete o seu pensamento, pois receia ser vítima de mais uma ação que tem por objetivo criminalizar a opinião que confronta o governo de ocasião, pode ser considerada independente?

Há esperança
Mesmo diante de um cenário tão difícil e desanimador, somos cidadãos dependentes de Deus, acima de qualquer coisa. É por isso que continuo acreditando na libertação do Brasil, algo que também requer o nosso envolvimento, como agentes ativos de um país cuja riqueza é nossa e de mais ninguém.

Tudo indica que o dia 7 de Setembro deste ano parecerá muito mais um dia de luto, em vez de celebração. Alguns dizem que vão às ruas vestindo preto, enquanto outros garantem que ficarão em casa, orando e dando atenção a outras coisas.

Independentemente de qual for a sua decisão, não esqueça que a maior de todas as independências está em nossas consciências – essa ninguém poderá nos tirar, por mais que nos ponham em prisões injustas e tentem impor a ditadura do medo: a verdade sempre prevalecerá!

Marisa Lobo possui graduação em Psicologia, é pós-graduada em Filosofia de Direitos Humanos e em Saúde Mental e tem habilitação para Magistério Superior.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.

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