Picanha e cerveja são ‘versão colorida’ do passado, diz Guedes sobre fala de Lula

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Foto: Reprodução / Flickr Palácio do Planalto

O ministro Paulo Guedes (Economia) contestou nesta quarta-feira (19) o discurso sobre “picanha e cerveja” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sem citar o nome do petista, ecoando as críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao adversário durante a campanha eleitoral.
 

Em palestra no Brasil Export –Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária, em Brasília, Guedes criticou indiretamente a gestão petista dando exemplos negativos sobre educação e crescimento. Segundo ele, a “versão colorida” do passado é “cerveja e picanha”.
 

“A distância do Brasil para o resto do mundo aumentou, o Brasil empobreceu. Ficam falando agora de picanha e cerveja, não têm noção do que aconteceu, último lugar no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) de educação, crescimento zero”, afirmou.
 

“Tem gente sonhando em voltar à mediocridade anterior. Jovens em vez de estarem vindo de fora para cá, ao contrário, brasileiro indo lavar prato em Barcelona, entregar pizza em Boston, jovens todos indo embora, então, estamos em um momento decisivo”, acrescentou.
 

Às vésperas do segundo turno da disputa presidencial, marcado para o dia 30, o ministro da Economia embarcou na campanha assumindo o papel de cabo eleitoral de Bolsonaro, que ficou cinco pontos atrás de Lula no primeiro turno.
 

Em agosto, o chefe do Executivo afirmou que é “conversa mole” a promessa do ex-presidente Lula de que, caso eleito, o brasileiro vai voltar a comer “picanha”. Bolsonaro disse ainda que “a esquerda vende a ilusão de picanha para todo mundo”.
 

Na véspera, Lula havia citado o corte de carne bovina como um exemplo de luxo ao qual o brasileiro terá acesso caso ele volte ao Palácio do Planalto.
 

“É a única razão pela qual eu quero voltar a ser presidente, é a de consertar esse país”, disse o petista em entrevista ao “Jornal Nacional”, da TV Globo. “Esse país tem que voltar a crescer, tem que voltar a ser feliz, tem que voltar a gerar emprego. O povo, eu digo sempre: o povo tem que voltar a comer um churrasquinho, a comer uma picanha e tomar uma cervejinha”.
 

Na abertura do evento promovido por entidades dos setores portuário e de logística, Guedes defendeu também as políticas adotadas sob sua gestão. “Nós acreditamos que a sustentabilidade fiscal de um lado é o que libera essa dinâmica de mercado através do setor privado e economia de mercado do outro lado”, disse.
 

Segundo o ministro, o teto de gastos foi “muito mal construído” e o governo está reforçando a arquitetura fiscal. O chefe da pasta econômica afirmou ainda que o espírito da âncora fiscal foi mantido, embora o teto tenha sido furado, primeiro para reduzir a participação do governo federal ampliando a transferência de recursos para estados e municípios e, na sequência, com gastos com a pandemia de Covid-19.
 

Guedes repetiu a retórica utilizada nos primeiros anos do governo Bolsonaro, quando dizia que os brasileiros eram “200 milhões de trouxas explorados”.
 

“Não queremos um país, dissemos isso durante a campanha, que tem 200 milhões de trouxas sendo explorados por duas petroleiras, seis bancos, quatro empreiteiras. Queremos competição, que é o jeito de haver prosperidade para a população. Temos convicção de que estamos no caminho correto”, afirmou.
 

O ministro disse ainda no evento que não tem a intenção de privatizar as praias brasileiras, mas os terrenos que pertencem à União.
 

“Terras valiosíssimas espalhadas pelo Brasil pertencem ao governo federal. Se vendermos isso, um grande grupo estrangeiro quer comprar terrenos na beirada da praia por 1 bilhão. A praia é pública, todo mundo pode tomar banho de mar lá, só que vai ter um hotel na frente”, afirmou.
 

Em entrevista ao Flow Podcast, em setembro, o ministro disse que seria possível arrecadar US$ 1 bilhão (R$ 5,28 bilhões) com a venda de uma praia em “uma área importante” do país.
 

A partir da fala de Guedes, Lula chamou a ideia de “vender praia” de “estupidez”.
 

Nesta quarta, o ministro rebateu de forma implícita: “Um candidato totalmente despreparado [dizendo que] o Paulo Guedes que privatizar praia. Tolo. Não é privatizar praias, as praias serão sempre públicas. Ao contrário, são os terrenos em frente à praia que pertencem à Marinha”.
 

Ele disse também que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) precisa atuar como um banco de exportação e importação que repassa recursos às empresas com spread mínimo, sem objetivo de buscar lucro elevado.
 

“Vamos reforçar os programas do BNDES aqui dentro. Ele tem que atuar como export, import bank”, afirmou. “Tem que ser basicamente um repassador, pega o dinheiro no Banco Mundial a (um custo de) dólar mais 2% ou 1,5%, e repassa internamente com spread mínimo. O objetivo dele não é fazer um lucro enorme.”

FOLHAPRESS

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